Entre os investimentos de renda fixa, o FIDC vem chamando atenção de investidores mais experientes desde 2011, quando seu patrimônio era de R$54 bilhões. No ano de 2020, esse patrimônio líquido já ultrapassava a marca de R$120 bilhões.
Tal crescimento pode ser justificado com algumas vantagens do investimento: nível mais profissional, alta rentabilidade e diversidade nos títulos.
Embora o FIDC seja uma grande promessa dos investimentos, ele ainda é pouco conhecido, e possui exigências que não o tornam assim tão acessível. No entanto, nunca é demais ficar por dentro de novas alternativas.
Se você quer conhecer outros tipos de investimentos de renda fixa, e saber como modalidades de crédito, como o Home Equity, podem te ajudar a entrar para esse universo, vale a pena conferir nossos outros conteúdos:
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Neste artigo, vamos desvendar o FIDC e saber por que ele cresceu tanto nos últimos anos, e se você pode, ou não, investir nessa modalidade.
- O que é FIDC?
- Tipos de FIDC;
- Quem pode investir em FIDCs?
- Como funciona a tributação?
- Composição do Fundo de Investimentos;
- O que é FIDC?
Sigla para Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, o FIDC, assim como o FIIs, são fundos que unem diversos investidores para a compra de cotas e investimentos de renda fixa em conjunto. No caso do FIDC, pela lei, 50% desses investimentos deve ser destinado a direitos creditórios, que são vendidos para os investidores do fundo em forma de títulos.
Esses títulos nada mais são do que contas que uma empresa ou instituição financeira – onde o dinheiro é investido – precisam receber. Eles equivalem a aluguéis, vendas em cartões de crédito, duplicatas, cheques e outros creditórios aos quais a empresa tem direito.
Em outras palavras, quando você investe em um FIDC, está adiantando o dinheiro que uma empresa tem a receber por meio da compra de um desses títulos.
Por exemplo: Uma empresa faz uma venda a prazo no cartão de crédito, e em cinco meses irá receber o valor desta, que equivale a R$30 mil. Ela transforma esse valor em um título, e o vende. Você, investidor, adianta esse valor para a empresa, que ela só receberia em cinco meses, por intermédio da compra do título. Seus rendimentos serão baseados em uma correção do valor, ou seja, em uma taxa de juros.
Desta forma, o rendimento a ser recebido tem uma quantia e um prazo pré-estipulado. Por isso, o FIDC é considerado um investimento de renda fixa.
As áreas que podem originar títulos para os FIDCs são:
- Imobiliária;
- Comercial;
- Financeira;
- Industrial;
- Hipoteca;
- Prestação de serviços.
Os investidores que compram esses títulos ficam expostos tanto aos seus lucros quanto aos seus riscos. Por isso, essa é uma modalidade aberta apenas para investidores considerados qualificados, com experiência. No entanto, como vem demonstrando crescimento, o mercado já estuda disponibilizar a alternativa para todos os brasileiros interessados.
- Tipos de FIDC:
Quando um FIDC é emitido, ele conta com um regulamento que, entre outras coisas, serve para estipular seus riscos, critérios de composição, área do mercado a que corresponde e diversificação da carteira. Neste regulamento, também são estipulados prazos e tipo de investimento.
Existem dois tipos de FIDCs no mercado, que diferem em termos como liquidez e prazos. São eles:
FIDC aberto: onde o investidor pode resgatar o valor aplicado quando quiser, desde que dentro da liquidez pré-estabelecida. Este modelo fica aberto por tempo indeterminado, por isso é chamado assim;
FIDC fechado: neste modelo, o prazo de duração do fundo é estipulado de acordo com seu regulamento, e as cotas só podem ser resgatadas ao fim desse prazo. Ou seja, enquanto o FIDC estiver fechado, você não pode recolher seus rendimentos.
Além dos tipos de FIDC, eles também são divididos em dois tipos de cotas:
Cotas sênior: seus rendimentos são pré-estabelecidos, como os investimentos de renda fixa tradicionais. Além disso, seu risco é menor, uma vez que dão ao investidor a oportunidade de receber juros, fazer um resgate, ou solicitar amortização.
Se você quiser saber mais sobre esse tema, confira nosso artigo:
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Cotas subordinadas: apesar de possuírem uma rentabilidade bem maior, estes modelos de FIDCs também possuem mais riscos. Isso porque o investidor subordinado só recebe quando todos os cotistas seniores receberem. Além disso, ele também está sujeito a inadimplência dos títulos.
- Quem pode investir em FIDCs?
Por possuírem mais riscos, e um valor mínimo mais alto a ser investido – normalmente de R$25 mil – os FIDCs costumam ser oferecidos a alguns tipos específicos de investidores. São eles:
- Investidores reconhecidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com certificação para analistas, agentes, consultores de valores e administradores de carteira;
- Investidores qualificados, que já tenham R$1 milhão aplicados em investimentos;
- Clubes de investimentos geridos por investidores certificados ou reconhecidos pela CVM;
Como já dito, a CVM está estudando abrir os investimentos em FIDCs para todos os brasileiros. Até lá, apenas investidores profissionais ou experientes podem assumir os riscos e aproveitar as vantagens.
Além da grande variedade de possibilidades, tornando o leque de investimentos mais abrangente, por possuir um valor mínimo considerado alto, os FIDCs rendem mais. Isso não significa que investidores estejam longe de taxas e tributações.
- Como funciona a tributação?
Assim como em outros modelos de investimentos de renda fixa, os FIDCs não estão livres do Imposto de Renda. Ele é cobrado de acordo com a tabela de prazos e aplicado direto na fonte.
O esquema de tributação do IR para os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios funciona da seguinte forma:
Até 180 dias do valor aplicado, o valor é de 22,5% de Imposto de Renda;
Entre 181 e 360 dias aplicado, 20% é reservado ao Imposto de Renda;
Entre 361 e 720 dias paga-se 17,5% de Imposto de Renda;
E acima de 720 dias, a tributação é de 15% no Imposto de Renda.
Além disso, para resgates antes do prazo de 30 dias, é cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
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- Composição dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios:
Diferente de outros Fundos de Investimentos, os FIDCs possuem uma estrutura particular. Os principais membros dessa composição são:
Cotistas: os investidores, que compram os títulos;
Gestor: administra a carteira de investimentos e tem o poder de compra e venda dos ativos;
Administrador do Fundo: é o responsável legal do investimento e também fica encarregado de fazer a captação dos recursos através das cotas;
Custodiante: instituição financeira que detém e controla os valores recebidos do fundo;
Estruturadores: órgão ou escritório jurídico responsável por desenvolver e legalizar toda a operação;
Cedente: a empresa dona dos direitos creditórios, ou seja, dos títulos.
Agora que você já sabe toda a estrutura desse investimento e que ele tem altas chances de rendimento, fique de olho nas oportunidades e na possível liberação para o público investidor geral!
Lembre-se que o valor mínimo é alto e os riscos acompanham os títulos. Ou seja, se uma dívida não for paga para a empresa, você também arca com a inadimplência, correndo o risco de perder seu investimento, já que os FIDC não são garantidos pelo FGC, Fundo Garantidor de Créditos.
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